terça-feira, 17 de setembro de 2013

O céu está completamente nublado, cheio de nuvens cinza e carregadas. Tal como estão meus pensamentos. E não adianta ficar culpando ninguém, eu sou responsável por cada dúvida implantada nos meus pensamentos, cada medo alimentado e alicerçado vagarosamente nessa bagunça de emoções que vivo. Mas é normal se sentir assim, até porque, se fosse possível evitar cada tombo no qual os astros permitem que eu tome, seriam feitos sem nenhuma hesitação. Duro mesmo é não entender o motivo para tantos obstáculos e ter que assumir a ignorância de não compreender o real ensinamento para toda essa bagunça.


- Marlon Pierre
Acordei as 2:43 da manhã, suado e trêmulo. Na verdade, não cheguei a dormir. Estou naqueles momentos da vida em que todos os gestos são calculados, todas as atitudes são pensadas, todas as frases são revisadas antes mesmo de serem proferidas e mesmo assim acabo metendo os pés pelas mãos. Acredite, milhares são os conflitos e os erros que eu insisto em cometer, porém, poucos sabem que na verdade eles que insistem em me perseguir. De que adianta levantar a bandeira do "Basta, agora vai ser diferente"quando o diferente é apenas uma forma errônea de tentar seguir em frente. Já parou pra pensar que as vezes, é preciso parar na vida, não dá o próximo passo, cometer os mesmos erros, bater a cabeça e até mesmo sofrer? Seguir em frente não vai necessariamente e tirar dessa fase ruim que você está vivendo, eu também não sei o que vai fazer esse inferno todo passar. Mas uma hora passa, acredite.

- Marlon Pierre

segunda-feira, 18 de março de 2013

Deixa a chuva molhar teu rosto dissolvendo a mascara que criamos para sermos aceitos pelo outro. Deixa a chuva penetrar teu escudo impenetrável, porque ela molha aquele que ama, aquele que sente, aquele que pensa, aquele que respira. Deixa a chuva penetrar na tua pele, saciar teu tesão, tua vontade de água, de vida. Deixa a chuva lavar tua alma, levar com ela aquilo que foi esquecido, aquilo que um dia deixou marcas e até mesmo aquilo que ainda te machuca. Deixa a chuva exercer o papel dela sobre as manchas que tuas atitudes impensadas deixaram durante teu caminho, ela lava, ela purifica, ela separa, dissolve tudo que um dia lhe foi lírico. Percebe que a chuva cai pelos teus cabelos, desce pelo teu peito, passa pela suas coxas e chega aos teus pés; trajeto perfeito para que o cérebro te oriente, o coração escolha, tuas coxas sintam e seus pés por fim pisem no que será descartado e prossiga o caminho que todo o seu corpo decidiu trilhar. Porque quando fui chuva entendi e quando você aceitar essa condição, entendera o sentido de ser.

- Marlon Pierre

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sobre o abraço... Não dado

               Já ouvi dizer que abraço é uma coisa tão séria que não se empresta, se dá. Ouvi dizer que o ato de acolher o próximo envolvendo-o com seus braços, confortando com o calor do seu peito e acalmando com o sentir de cada batimento daquele que recebe esse ato é fundamental para aqueles que estão sem rumo ou até mesmo a procura de um. Por isso não consigo entender porque muitas vezes nos limitamos de deixá-lo acontecer, que receio é esse de realizar um ato simples, carinhoso e que deveria ser tão sincero(mas nem sempre é). Quantas foram as vezes que pensei duas vezes antes de me entregar ao abraço de alguém, me limitando de transmitir todo o embaralhado de sentimentos que me sustenta, todas as aflições que me fazem suar frio e me tiram noites de sono, todos os sorrisos guardado em cada centímetro do meu coração. É verdade que não é qualquer abraço que tem todo esse poder mistico de nos transportar para um lugar quase que sobrenatural, muitos são abraços para roubar sua paz de espírito, para mostrar que você é pequeno e imaturo demais para certas situações, para mostrar que não conseguimos ultrapassar aqueles obstáculos gigantescos que surgem no percurso das nossas vidas. Não se limite demais ao doar ou receber um abraço, nem sempre o colo amigo será capaz de confortar seus medos mais obscuros, as vezes o colo estranho, desconhecido, que menos esperamos para receber são capazes de realizar a leitura da nossa alma. Falemos e sintamos a dor ou alívio do abraço dado, porque sem sombra de dúvidas a dor maior surge daqueles abraços não dados.

sábado, 25 de agosto de 2012

Manchas de café no meu sapato de camurça

               O dia caminhava lento, quase parando. Resolvi sair de casa, mesmo com esse tempo frio que estranhamente assolou o Rio de Janeiro. Ao caminhar pelas ruas na direção do meu caffee, fiquei ainda mais assustado com aquele ar gélido, mas parecia Buenos Aires com os seus 05º. Estou sentado, esperando meu cappuccino com creme e meus cookies ficarem prontos, confesso que meu pensamento naquele momento era vago, nada muito atrativo. Até que a garçonete me trás o meu pedido exatamente do jeito que eu solicitei, e fico ali degustando minha refeição e percebendo como sou dependente de café. Escuto o sino que anuncia a chegada de mais um cliente no caffe entrar e olho meio que imediatamente e automaticamente desejo nunca ter feito o mesmo. Vejo ela entrando com aquele sorriso que iluminou e aqueceu todo meu dia, fertilizando cada semente que um dia jogamos juntos no caminho da nossa tão esperada vida a dois. A princípio fico sem reação, não sei se me escondo, se vou até ela, meu estado de nervos era tão grande que o cookie com gotas de chocolate cai no chão -um pecado para o mundo-. Durante um tempo pensei que estaríamos ali juntos, no nosso caffee preferido, dividindo o nosso lanche preferido. Ela tinha demonstrado o interesse, eu intenso como sou fazia planos a cada dia que passava, alimentava tudo aquilo que começamos a construir pouco a pouco. Porém, um dia isso mudou, planos foram esquecidos, conversas foram suspensas, a troca de afeto foi esvaindo-se e até hoje me pergunto se a culpa foi minha. Talvez. Ela como sempre fazendo charme para escolher o pedido do dia e dispensa a garçonete anunciando que assim que decidir chamaria a menina baixinha, com olhos cerrados e boca pequena para anotar. Porque aquilo tudo, é claro que ela vai pedir seu cupcake de baunilha com recheio de morango, chantilly e confetes em cima para decorar. Acompanhado com frappuccino de chocolate branco (independente da temperatura do dia, ela nunca toma outra coisa sem ser frappuccino de chocolate branco).  Ela termina toda sua encenação e resolve chamar a garçonete, nesse meio tempo eu estou ali, suando frio, aflito com a presença dessa garota que me entorpece de bons pensamentos, de bem estar, de querer viver além de me visitar durante algumas noites em meus sonhos, me tirando do aconchego proporcionado pelo meu edredom. Levanto e acabo atropelando a garçonete que ia de encontro ao caixa para fazer o pedido da minha futura, mando cancelar seja lá o que a doida tenha escolhido e anuncio um pedido que no fundo é o que à agrada mais. Me vejo falando sozinho coisas do tipo "Oi, sabia que você ia enrolar e pedir uma coisa surreal, mas no fundo você queria isso", "Oi, trouxe seu frappuccino... VOLTA COMIGO?!", " Olha que coisa louca a garçonete errou o pedido, mas eu sabia que só você faria uma combinação dessas e resolvi te entregar isso". Droga eu estava tremendo, um calor crescia no meu peito que estava a ponto de tirar meu casaco e meu suéter e ficar apenas de camisa, sem contar que o pedido ficou pronto em instantes, nem mesmo consegui programar o que eu falaria para ela, como agiria, que tipo de assunto puxaria para ser convidado a me sentar e terminar meu cappuccino com ela. Chega, percebo que o melhor é não planejar nada, quem sabe ela mesma possa sugerir um assunto, conduzir a conversa, flertar um pouco e depois me chamar para leva-la até em casa. Pego a bandeja e me viro para o futuro próximo que mesmo indefinido me fazia tão bem. Silêncio. Ao me virar vejo minha futura aos beijos de um marmanjo que nunca tinha visto nem mais preto nem mais branco e em uma ação involuntária largo a bandeja que caem no chão manchando de café meu sapato de camurça. Me viro para não ser avistado por ela naquela situação ridícula, não queria expor minha medíocre cara de choro e vou correndo para o banheiro.  Lavo o rosto mas de nada adianta, a cada fração de segundos meu rosto fica mais vermelho, minha visão mais embaçada e minhas pernas completamente sem forças. Saio em ritmo acelerado, deixo o dinheiro do frappuccino derramado e do meu cappuccino inacabado, tentando não me fazer notável. acabo esbarrando na cadeira do infeliz que abrira um buraco no meu futuro, deixando que ela me visse naquela cena melodramática de quinta. Saio do caffee e a chuva caia fina, porém incrivelmente pesadas no meu ombro e mesmo com uma insuportável dor de ter que confessar isso, meu subconsciente sussurra em meu ouvido: "Deixe as coisas como estão, inconclusas e imperfeitas, seu coração não precisa ser recheado de insatisfação e desilusões".

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Passado Amarelecido (part. 2/2)

               Ao lado esquerdo do porão, bem perto da única janela que permitia que o ar imundo lá de fora circulasse no meu refujo, montei "uma tenda", toda cercada com uma lona escura onde eu costumava brincar de ser mágico, passar para o papel fotográfico tudo que era belo aos meus olhos. Cliques dos mais sutis momentos daquele eu monótono cotidiano. Um pequeno estúdio que eu costumava revelar as milhares de fotos que eu insistia incansavelmente em fotografar. Parece que foi ontem, que adentramos para o local que futuramente seria nosso refúgio, onde nós nos entendíamos, revelávamos nossas caretas, nossa estranha forma de demonstrar o que sentíamos um pelo outro, nossa sintonia que para muitos era destoante. Mãos, coxas, saliva, abraços, sorrisos, lágrimas, quase tudo, quase nada.Foi nessa tenda em que nossos corpos se encontraram pela primeira vez -lembra?-, cada curva parecia ser desenhada perfeitamente para que estivéssemos sempre juntos, ligados por cada pêlo que se ouriçava no momento em que nossa pele se encontrava. Derrubo tudo no chão, seguro firme na sua cintura e te levanto até a bancada, sentada nela suas pernas prendem meu corpo ao teu e você vai despindo cada peça de roupa do meu corpo. Fomos além, te levo ao sofá, um pouco empoeirado porém naquele momento isso era um insignificante detalhe, aquele momento foi se simplificando, culpa dessa nossa forma quase fantasiosa que temos de nos entender, aquilo parecia certo, devia ser feito e foi. Todo dia quando o crepúsculo dava seu ar da graça estávamos ali, tentando entender um ao outro cada vez mais e conseguíamos fazer isso, os dias se passavam e estávamos mais convictos que fomos gerados para acontecer na vida do outro. Naquele porão eu era completo e conseguia deixar que forças maiores, quem sabe até divinas me dominassem, eu criava meus rabiscos, minhas palavras soltas foram se formando poesia, minhas rimas e ritmos aos poucos construíam a melodia que descrevia a perfeição do nosso estado de espírito, nossa ligação inexplicável. Entendiamos como nossas almas se encontravam mesmo em meio a um turbilhão de desentendimentos, mentiras e utilização da força bruta que vinha acontecendo no lugar que eu não conseguia mais chamar de lar.
             
               Os problemas na minha família aumentava, ela sabia disse e sempre conseguia me fazer esquecer de tudo, quando estávamos ali no porão eu me esquecia de toda aquela teia podre e miserável que minha família se tornou. Mas sabíamos que e doía admitir que o nosso futuro era breve, apesar dos nossos momentos intensos de pura prazer e carinho, esse fato acabou esfriando essa magia que acontecia entre nós dois. Com meu pai dando seus escândalos causados pelo efeito do álcool que ele nunca largou, comecei a ficar intolerante e imune as suas palavras e formas de carinho, comecei a me espelhar involuntariamente na amargura que meu pai exalava pelo bafo de cachaça. Culpa minha? Talvez. Mas começou a não dar mais certo, tudo estava desandando. Certo dia o nosso crepúsculo perfeito de todos os dias tinha um tom de cinza que nos deixou angustiado, eu percebi, você também, mas não fomos capazes de admitir isso um para o outro. Descemos certo dia ao porão e encontramos tudo em um estado de caos,  ali no meio do nosso casulo onde buscávamos a nossa metamorfose encontrei meu pai caio no chão, desfalecido. Aquele foi o último dia em que nossas mãos se encontraram, com todos aqueles médicos, policias, peritos e curiosos que cercavam a minha casa fomos afastados pelo destino. Na mesma noite minha mãe resolve fugir daquele passado infeliz que escrevemos todos aqueles anos ali naquela casa. Me levando pelos braços e me fazendo prometer que nunca mais voltaria naquele lugar, desde então, nunca mais fui capaz de volta, por medo, insegurança, covardia. Pela promessa.
           
                Mas eu estava de volta mesmo depois de tantos anos, traindo a promessa que fiz para minha mãe, traindo tudo aquilo que eu tinha construído. Um dia eu precisaria voltar, mesmo tendo certeza de que ela não estaria lá -como as vezes me esperava, sempre que me atrasava no vestiário da escola-. Não podia simplesmente apagar tudo aquilo que ela tinha sido pra mim, simplesmente por uma promessa feita para mulher que me apresentou o mundo, mundo esse onde nós encontramos e por um tempo fomos cúmplices. Mas estava feito, nossos caminhos se cruzaram e caminharam juntos, mas depois se divergiram. E talvez tenha sido o certo, talvez aquilo fosse realmente necessário. Mas estar ali era necessário, para que eu pudesse entender isso, precisava de um dia de redenção e das suas memórias, essas que confirmariam tudo. Com a visão embaçada, lágrimas salgadas que escorriam dos meu olhos, subo as escadas, pego minha bicicleta e pedalo de volta a minha realidade. O crepúsculo estava de volta, sem aquele tom cinzento e sim com aquele tom perfeito que definia nós dois, tom que um dia me fez entender o que é amar.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Só você que não vê

Como se eu já não mais existisse, como se eu fosse oco, como se eu não pudesse mais sorrir, como se eu fosse invisível, como se eu não tivesse mais vontade de viver, como se eu perdesse meu chão, como se o sol que ilumina meu dia fosse estinguido, como se a lua não clareasse mais a minha noite fria e agora escura, como se as estrelas não mas existissem, como se meu sangue parasse de circular, como se meu coração parasse de bater, como se o ar não fosse suficiente para me manter vivo, como se a vontade de estar de pé não existisse, como se nenhuma palavra fosse mais confortável, como se nenhum outro abraço fosse o suficiente para me aquecer e me tranquilizar; eu fico assim só em pensar na sua ausência, só de pensar em não ter mais você aqui. Eu tento sorrir, eu tento esquecer, mas está implícito a dor que eu sinto. Eu invento a sua ausência, invento essa dor e dói admitir isso. Mas eu não aguento mais não dar rosto para essa minha saudade. Cada semana que não te vejo, semana essa de dor que eu pulo, que eu tento esquecer, mas parece acumular uma vida de dor. Eu quero você comigo a cada momento, eu quero gritar para todos que te tenho, que sou seu e que você é minha, quero te amar e isso também está implícito.